MOBILIDADE ARTICULAR
Antes de mais nada, gostaria de começar este artigo, sobre MOBILIDADE ARTICULAR, esclarecendo a vocês que todos os meus artigos do blog são feitos com muito estudo, com muita dedicação, sempre vislumbrando o que há de mais novo em artigos científicos e que, muitas vezes, não temos acesso na literatura cotidiana. Assim, o meu papel aqui é, simplesmente, abordar estes assuntos, que entendo ser de suma importância para todos nós.
Dito isto…Vamos ao conteúdo!! 😀
MOBILIDADE ARTICULAR – SAIBA COMO ATINGE A FUNCIONALIDADE DO NOSSO CORPO.
Convidei a Professora Christiane Moreira Stelczyk para uma entrevista no meu blog, e ela, prontamente, aceitou o convite a fim de nos responder algumas dúvidas pontuais sobre este assunto, que tanto nos atinge diariamente, direta e indiretamente.
Ou melhor dizendo, iremos abordar, neste artigo, um conteúdo que trata da funcionalidade do nosso corpo, particularmente, eu vejo como vital para todo o ser humano que quer ter qualidade de vida.
MOBILIDADE ARTICULAR – JÁ FOI ASSUNTO EM CONVERSAS COM AMIGAS!! 😀
Primeiramente, gostaria de dar uma breve impressão que tive a pouco tempo atrás.
Conversando com algumas amigas que também treinam comigo, veio o assunto da idade e todos os aspectos que esta fase da vida implicam no nosso bem estar, e depois de várias reflexões, houve um consenso comum…
“Vimos que estávamos no caminho certo, pois entendíamos, naquele momento, que se continuássemos a nos exercitar diariamente, de forma correta e com acompanhamento de um profissional qualificado, conseguiríamos chegar numa idade mais avançada com maior mobilidade..” 😀
Isto faz sentido para você??
A atividade física diária, complementada com um trabalho de alongamento e flexibilidade, fará com que todas nós, daquele grupo, não soframos daqui a algum tempo com passos pequenos (arrastando os pés), ou mesmo padeçamos com alguma dificuldade em levantar da cama ou ir ao banheiro sozinhas, ou melhor dizendo nossa MOBILIDADE ARTICULAR será recompensada com a atividade física diária (leia este artigo)!
Olha que interessante!! 😉
Daí, fui pesquisar alguns artigos científicos e encontrei, exatamente, isto que havíamos refletido naquela manhã na academia…
Segundo estudos na ACSM ( Medicine and Science in Sports and Exercise), foi constatado que a flexibilidade tem sido definida como o componente da aptidão física, caracterizado pela capacidade de movimentar uma articulação ou grupo de articulações.
Em 1996, Alter MJ. Science of flexibility em sua 2ª ed. Champaign, relacionou a flexibilidade à capacidade de alcançar a máxima amplitude de movimento (ADM) articular possível, sem o comprometimento da integridade músculo-tendíneo e articular(1).
Assim, diante da relação observada, entre a flexibilidade passiva fisiológica máxima e a amplitude articular, vários estudos (1–3) vêm utilizando a amplitude de movimento, como indicadora de flexibilidade e mobilidade (4,5).
Neste sentido, Knudson DV, Magnusson P, McHugh M. Current (Press Council Phys Fitness Sports) em seus Estudos entenderam que a goniometria articular tem sido considerada o padrão ou critério ouro para a medida da flexibilidade passiva(5).
Dai, comecei a entender melhor que a elasticidade muscular e a perda de flexibilidade está relacionada com o envelhecimento e a mobilidade articular.
O envelhecimento é um processo complexo, envolvendo inúmeras variáveis – fatores genéticos, estilo de vida, doenças crônicas, entre outros dados.
No entanto, o que merece enorme atenção é o modo como se envelhece: urge, assim, a procura e o encontro de meios eficazes para que as etapas da velhice transcorram de modo o mais satisfatório possível.
Estudos feitos em 1998, pela Medicine and Science in Sports and Exercise, descobriram que a participação em uma atividade física oferecerá oportunidades de vir à tona um número favorável de fatores, contribuindo para um envelhecimento saudável, por meio de um estilo de vida independente, aprimorando a capacidade funcional e a qualidade de existência nesta fase (ACSM, 1998).
Ademais, mudanças positivas na capacidade funcional resultariam numa mais ampla independência nas atividades da vida diária, (BARRY, RICH & CARLSON, 1993).
Segundo BUCKWATER, (1997), a atividade regular consegue, freqüentemente, retardar ou reverter o decréscimo de mobilidade, decréscimo este que contribui para doenças e incapacidades em anciãos.
Com o avançar do tempo o colágeno aumenta em solubilidade, tornando-se mais espesso, sem omitir o seu acréscimo em conteúdo, no músculo: em contrapartida, leva a uma diminuição na amplitude do movimento.
A habilidade de um idoso, ao buscar reter a destreza e a mobilidade cotidianas – como caminhar, levantar-se e alcançar algum objeto acima da cabeça – evidencia importantes aspectos de um estilo de vida de qualidade (ALEXANDER, NICKEL, BORESKIE, & SEARLE, 2000).
Tudo isto me guiou a procurar uma especialista no assunto, e me levou a crer que a Professora Christiane Moreira Stelczyk, teria as respostas que todas nós, naquele dia, queríamos ouvir…
A seguir, fiquem a vontade para consumir um excelente conteúdo de uma profissional qualificada!!
E atenção, este assunto, como já vimos parágrafos acima, é de extrema importância, pois nos remete a muitas dúvidas!
Espero que, lá na frente, possamos estar preparados para uma rotina com maior qualidade de vida !!
*ENTREVISTA COM A PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK*
PERGUNTA:
O que nos leva a deixar de lado o cuidado com nossa MOBILIDADE ARTICULAR?
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
Em nossa sociedade atual encontramos uma grande quantidade de pessoas com alterações posturais e dores musculares.
Isso pode ser resultado de um estilo de vida sedentário, do avanço tecnológico, dos movimentos repetitivos, das horas sentadas no trabalho, dirigindo, assistindo TV.
Tudo isso favorece o encurtamento e o enfraquecimento muscular.
PERGUNTA:
O que podemos fazer para que tenhamos mais Mobilidade, e por consequência, mais funcionalidade do nosso corpo??
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
O exercício físico.
Ele entra como um aliado na manutenção da funcionalidade do nosso corpo.
Os exercícios não devem se limitar somente a parte aeróbica e de força, devemos pensar sempre em manter o corpo forte e saudável mantendo a sua funcionalidade total e a amplitude das nossas articulações.
E conseguimos tudo isso quando somamos nossa rotina de exercícios aos alongamentos e aos exercícios de mobilidade articular.
A mobilidade articular é uma qualidade essencial para um bom desempenho físico, tanto para a realização de atividades da vida diária, como para melhorar o desempenho no meio desportivo.
PERGUNTA:
Professora Chris, poderia nos explicar qual a diferença entre MOBILIDADE, ALONGAMENTO E FLEXIBILIDADE?
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
Para entender o que é mobilidade vamos diferencia-la de outros termos que muitas vezes nos confundem:
Mobilidade X Alongamento X Flexibilidade.
O alongamento está diretamente relacionado à ação de aumentar o comprimento de um músculo encurtado ou rígido, porém, sem levá-lo ao seu máximo da extensão.
Quando você leva a estrutura muscular ao seu máximo de extensão fisiológica, ou seja, indo além do ato de simplesmente alongar, nesse instante você está buscando a flexibilidade.
Diferentemente do alongamento e da flexibilidade, a mobilidade articular visa a movimentação ampla das articulações e todas as suas estruturas (ossos, ligamentos, capsulas e tendões).
Sendo assim, mobilidade articular pode ser resumidamente definida como a capacidade que as suas articulações têm de executar movimentos de pequena a grande amplitude, sem restrições ou dores, é movimentar-se de maneira correta e sem limitações permitindo que nosso corpo utilize toda a sua potência de forma segura e eficiente.
Geralmente utilizamos o alongamento (de forma mais estática) após os exercícios para relaxar a musculatura que foi trabalhada e manter o músculo flexível e os exercícios de mobilidade (de forma mais dinâmica) antes, para aquecer o corpo.
PERGUNTA:
O que podemos esperar de um treino, em que exercícios de mobilidade articular, façam parte, inclusive na nossa rotina diária?
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
A importância da introdução destes tipos de exercícios específicos, vai muito além.
Através deles, aliviamos dores causadas por musculaturas encurtadas e articulações enrijecidas, aumentamos a eficiência do movimento melhorando a execução dos exercícios, prevenimos lesões e tornamos o nosso corpo muito mais funcional.
Para um trabalho efetivo de mobilidade articular devemos pensar em nosso corpo; e observar onde ele está precisando melhorar, qual movimento você realiza de forma limitada, onde você sente dores e tensões musculares constantes.
E é ai que o profissional da educação física pode te ajudar.
PERGUNTA:
De que forma podemos alertar o profissional que nos acompanha na academia, por exemplo, para que possamos introduzir estes exercícios nos treinos diários?
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
Diga a ele como você se sente, peça para ele observar a técnica executada nos seus exercícios.
Desta forma, seu professor vai poder te orientar de forma correta e segura.
PERGUNTA:
Poderia nos dar um exemplo, só para ilustrar, de uma postura, ou mesmo, na execução de um exercício, que possamos concluir que há, realmente, um encurtamento da musculatura?
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
Cito um exemplo muito comum:
Em um agachamento simples o aluno eleva o calcanhar conforme o quadril vai baixando.
Isso se deve provavelmente a um encurtamento da musculatura da panturrilha somado a um enrijecimento do tendão calcâneo (mais conhecido como tendão de Aquiles).
E isso se resolve de forma muito simples com exercícios de mobilidade.
Mobilizando o músculo e o tendão com um rolo de liberação e realizando exercícios dinâmicos de soltura por exemplo.
PERGUNTA:
Professora Chris, qual é o conselho, como profissional na área, poderia dar aos nossos seguidores?
RESPOSTA DA PROFESSORA CHRISTIANE MOREIRA STELCZYK:
Inclua o alongamento e a mobilidade articular na sua rotina de exercícios, você sentirá os benefícios em todas as suas outras atividades.
Então gente!
O treinamento da flexibilidade e mobilidade articular é considerado um aspecto importante para o aumento no desempenho de inúmeras modalidades esportivas e, também, como componente da aptidão física relacionada à promoção da saúde e bem-estar.
E mais!!
Recentemente, através de estudos científicos de várias Universidades do mundo tem sido reconhecido, o exercício físico, como um importante caminho para ajudar a prevenir e tratar inúmeras lesões musculoesqueléticas.
É relevante para o profissional da área, conhecer os princípios do treinamento da flexibilidade e mobilidade, para ser capaz de elaborar um programa de treinamento integrado.
Tudo isto que estamos falando aqui, irá corrigir desequilíbrios musculares, aumentar a amplitude de movimento da articulação, diminuir a tensão excessiva dos músculos, aliviar o estresse nas articulações, melhorar a extensibilidade das junções musculotendinosas, manter o comprimento funcional normal de todos os músculos, melhorar a eficiência e a função neuromuscular, manter a independência motora e reduzir as possibilidades de quedas.
Ufa!! Se depois disto tudo você não der a devida importância para a funcionalidade do seu corpo… 😯
Concluindo então…
Tanto a flexibilidade como o alongamento, estão diretamente relacionados com a mobilidade articular, a função muscular e a amplitude de movimento.
Porém, são trabalhos (ações) com significados distintos.
O alongamento refere-se às situações que envolvem mais diretamente a estrutura muscular e os tecidos moles que envolvem a articulação.
As técnicas de alongamentos resultam na elasticidade e melhoria da função muscular.
Já a flexibilidade, é resultante do trabalho de alongamento, que se reflete na amplitude do movimento articular.
Apesar das diferenças conceituais, fisiológicas, neurológicas e técnicas, flexibilidade e alongamento, estão diretamente inter-relacionados, não se podendo realizar um, sem considerar o outro.
E era isto …espero que tenham gostado!!
Pois Bem…. caso tu tenha alguma dúvida sobre este assunto tão importante, faça sua pergunta abaixo do artigo, na caixa de comentários >>>>> pois no lançamento do meu canal do Youtube responderemos todas as dúvidas!!
EM BREVE!!
FIQUE LIGADO!!
E então!?? Booraaa treinar!!
Se gostou do artigo, comenta e compartilha com os amigos e amigas!! 😉
Professora Christiane Moreira Stelczyk
Formada em Licenciatura Plena em Educação Física pela UFRGS.
Especialista em Atividade Física adaptada e Saúde pela Universidade Gama Filho.
CREF 014964-G/RS
Contato 55 51 94.91.04.04
Dica: O ideal é que seja realizada uma avaliação médica, antes mesmo de iniciar qualquer esporte, como também, toda e qualquer atividade física deve ser acompanhada por um profissional qualificado!! 😉
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Alter MJ. Ciências da Flexibilidade. Porto Alegre: Artmed, 1998.
2. Prentice WE. & Voight ML. Técnicas em Reabilitação Musculoesquelética. Porto Alegre: Artmed, 2003.
3. Contursi TLB. Flexibilidade e alongamento. 19ª ed, Rio de Janeiro: Sprint, 1986.
4. Kisner C & Colby LA. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. São Paulo: Manole, 1998.
5. Cattelan AV. Estudo das técnicas de alongamento estático e por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva no desenvolvimento da flexibilidade em jogadores de futsal. [Monografia de especialização do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano – Área de Concentração em Biomecânica]. Santa Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria; 2002.
6. Araújo CGS. Existe relação entre flexibilidade e somatotipo? Uma nova metodologia para um problema antigo. Revista Medicina do Esporte. 1983; 7(3/4): 7.
7. Dantas EHM. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 4ª ed, Rio de Janeiro: Shape, 1999.
8. Achour Jr, AA. Bases para exercícios de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho atlético. Paraná: Midiograf, 1996.
9. Barbanti VJ. Treinamento físico: bases científicas. 3ª ed, São Paulo: CLR Balieiro, 1996.
10. Fox EL. & Mathews DK. Bases fisiológicas da educação física e dos desportos. 3ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
11. Blanke D. Flexibilidade In: Mellion MB. Segredos em medicina desportiva. Porto Alegre, Artes Médicas. 3ª ed. São Paulo: Ibrasa; 1997. p. 87 – 92.
12. Calvo JB. Apuntes para uma anatomia aplicada a la danza. Madrid: Veriser, 1998.
13. Andrews JR, Harrelson GL, Wilk KE. Reabilitação física das lesões desportivas. 2ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
14. Lehmkuhl LD & Smith LH. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 4ª ed, São Paulo: Manole, 1989.
15. Mcatee RE. Alongamento facilitado. São Paulo: Manole, 1998.
16. Marins JCB e Giannichi RS. Avaliação e Prescrição de Atividade Física. 2ª ed, Rio de Janeiro: Shape, 1998.
17. Zatsiorski V. Biomecânica de los Ejercícios Físicos. URSS: Raduga Moscu, 1988.
REFERÊNCIAS com links externos:
1.Alter MJ. Science of flexibility. 2ª ed. Champaign: Human Kinetics; 1996.
8. ALEXANDER, M. J. L., NICKEL, R., BORESKIE, S. L. & SEARLE, M. Comparison of the effects of two types of fi tness / fl exibility programs on gait mobility and self-esteem of older females.Journal of Human Movement Studies. v. 38, p. 235-268, 2000.